Matéria publicada no Jornal Gazeta do Oeste, editada por Mário Gerson para o Caderno Expressão do primeiro domingo de Março / 12.
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1 – Como surgiu a ideia do livro?
Surgiu depois de uma leitura do livro “Tom Sawyer, detetive”, do ilustre Mark Twain. De alguma forma aquela obra me fisgou, me chamou a atenção, e fiquei pensando nela um bom tempo após o término da leitura. Senti-me necessitado a escrever uma estória contando as aventuras e peripécias de garotos... e foi o que fiz.
2 – Há quanto tempo você escreve e como tudo começou em termos literários?
Acredito que poucos saibam, mas tudo começou a partir de um inicio de depressão que tive na infância. Eu tinha na época os meus doze anos de idade, e comecei esboçando a minha primeira obra, só como passatempo, para esquecer-me a tristeza. Aconteceu que acabei tomando gosto pela coisa, procurei textos que me interessavam, e busquei aprofundamento no campo literário... hoje não consigo mais parar de escrever!
3 – Você é um jovem autor... como conseguiu publicar o livro? Certamente você enfrentou muitas dificuldades...
Sim, são inegáveis as dificuldades que enfrentei até aqui. O Brasil, infelizmente, é um país que valoriza muito pouco a própria cultura, e menos ainda a literatura. Os poucos leitores existentes vão às livrarias em busca de obras de autores internacionais, fazendo com que os livros nacionais caiam no descrédito. Como conseqüência, as editoras, que visam lucros, publicam apenas obras de escritores já Best-sellers, o que acaba dificultando e muito a vida do autor que quer adentrar neste meio.
Quando comecei a busca para a publicação do meu livro, tentei primeiramente por editoras regionais, mas acabei não conseguindo. Poucas pessoas haviam lido a minha obra, e eu não tinha ouvido nenhuma crítica a respeito dela, seja positiva ou negativa; o meu sonho, porém, era tão grande que tentei ir buscar mais longe, pois sempre acreditei em meu potencial, e felizmente consegui uma editora no Rio de Janeiro que afirmou encontrar em meus textos qualidades literárias.
4 – Em termos literários, o que atrai você enquanto leitor?
Obras ficcionais puxadas para o fantástico. É até um paradoxo, pois o estilo é um tanto diferente do meu como escritor, mas C. S. Lewis (As crônicas de Nárnia); J. R. R. Tolkien (O senhor dos anéis) e J. K. Rowling (Série Harry Potter) não podem faltar na minha estante.
5 – Em Mossoró há espaço para a literatura em sua visão?
Em Mossoró há espaço de sobra para a literatura, e a ascensão é cada vez mais constante. Vale salientar, porém, que as pessoas ainda acreditam que um bom livro potiguar tenha que ser extremamente regionalista, e acaba deixando de fora a nova geração de ficcionistas (me refiro tanto a leitores quanto a editores), a qual eu pertenço. Espero que esse ponto de vista errôneo mude, e que a cultura se una e se fortifique.
6 – De que trata seu livro? Comente sobre ele...
Trata-se de uma obra de suspense voltada ao público jovem. Conta a estória de dois irmãos, Pedro e Saulo, que recebem uma carta de sua tia pedindo para que fossem visitar a fazenda, devido o seu tio estar passando por péssimas condições financeiras. Chegando à fazenda, porém, os garotos acham o comportamento do tio Fernando muito estranho e resolvem segui-lo. Acabam descobrindo pistas cifradas em um bananal e nos arredores da fazenda e descobrem um mistério que envolve o Fernando e os seus comparsas.
7 – Quais autores mais lhe influenciaram?
Sem sombra de dúvidas, os autores que mais me influenciaram foram os brasileiros Pedro Bandeira, autor da consagrada série “Os Karas”, e Raul Drewnick, que escreveu “Um inimigo em cada esquina”. Quem lê o meu livro pode notar traços narrativos de ambos, pois assim como eles, costumo usar uma linguagem curta, direta e ao mesmo tempo empolgante.
8 – Este é seu primeiro livro ou existem outros publicados?
Este é o primogênito! Possuo também alguns textos publicados em projetos, como o meu poema “Temor”, selecionado na 14ª edição do “Um poema em cada árvore”, pelo Istituto Psia, em MG; além do meu conto “Criança Prodígio”, que figura a 32ª edição da Revista Eletrônica Samizdat.
9 – Já pensa em outro trabalho? E em que gênero?
Com certeza. Estou às vésperas de concluir o meu segundo romance, que segue as características do primeiro; porém, não tenho pretensão de publicá-lo agora, o deixarei um tempinho na gaveta.
Como projeto futuro, penso em publicar uma coletânea de contos, de temas variados, todos de minha autoria. Mas isso é em longo prazo.
10 – A literatura é uma área em que poucos obtêm sucesso. Você acredita que está pronto para enfrentar esse comércio das palavras, como diria Américo de Oliveira Costa?
Engajar-se na Literatura sempre foi um sonho quase utópico para mim, e hoje sou escritor. Então, acredito que vale a pena lutar por aquilo que se quer, e sim, sinto me preparado para enfrentar o desafio.
11 – Considerações finais...
Quero agradecer sinceramente pela entrevista. E fica um pedido para todos os norte-rio-grandenses: Valorizem a nossa literatura, pois como dizia Antonio Cândido, “Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não há outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem; e se não a amarmos, ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõem, ninguém as tomará do esquecimento, descaso ou incompreensão”.