segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Entrevista com o escritor Ronaldo Cagiano no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

Ronaldo Cagiano, nascido em Cataguases no ano de 1961, é advogado, escritor, ensaísta e crítico. Participa de algumas antologias brasileiras e estrangeiras, colabora em diversos jornais nacionais e do exterior, além de ter sido premiado em vários concursos literários. Publicou os livros "Palavra engajada" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1989); "Colheita amarga & outras angústias" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1990); "Exílio" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1990); "Palavracesa" (poesia, Ed. Cataguases, Brasília, 1994); "O prazer da leitura", em parceria com Jacinto Guerra (contos juvenis, Ed. Thesausus, Brasília, 1997); "Prismas – Literatura e outros temas" (crítica literária, Ed. Thesaurus, Brasília, 1997); "Canção dentro da noite" (poesia, Ed. Thesaurus, Brasília, 1999); "Espelho, espelho meu", em parceria com Joilson Portocalvo (infantojuvenil, Ed. Thesaurus, Brasília, 2000); "Dezembro indigesto" (contos, Brasília, 2001); "Concerto para arranha-céus" (contos, LGE, Brasília, 2004); "Dicionário de pequenas solidões" (contos, Língua Geral, Rio, 2006); "O sol nas feridas" (poesia, Dobra Ideias, SP, 2011) e "Moenda de silêncios", em parceria com Whisner Fraga (novela, Dobra Ideias, SP, 2012). Organizou as coletâneas "Antologia do conto brasiliense" (Projecto Editorial, Brasília, 2001), "Poetas mineiros em Brasília" (Varanda Edições, Brasília, 2001) e "Todas as gerações - O conto brasiliense contemporâneo" (LGE Editora, Brasília, 2006).

O autor Ronaldo Cagiano

Ligados: Quando a literatura entrou em sua vida? Você tinha em mente desde cedo que queria publicar livros, ou o processo fluiu, digamos assim, de forma espontânea? 

Ronaldo Cagiano: Foi a vida, ávida, que entrou em minha literatura. Desde tenra idade não me vejo senão com um livro à mão ou na cabeceira da cama. Então, desde cedo, sendo primeiro leitor, descobri que queria escrever. 

Ligados: Além de escrever, quais outras atividades você exerce, atualmente? 

Ronaldo Cagiano: Sou formado em Direito, advoguei alguns anos, mas nunca gostei da profissão. Hoje o Direito interessa-me apenas como Filosofia e Doutrina e nada como prática advocatícia. A literatura é que me proporciona prazer. Porém, não vivo da literatura; tenho emprego, sou bancário há trinta e um anos e a sobrevivência exige que o quotidiano seja interditado pelo pragmatismo, então é necessário esse vínculo funcional para poder pagar as contas, ter um mínimo de conforto material e estabilidade financeira para poder viver sem sobressaltos e poder comprar livros, discos, ir ao cinema, viajar, enfim, sentir o prazer que o trabalho não dá. 

Ligados: As suas primeiras obras lançadas foram de poesia, embora sempre tenha existido certa tendência prosaica em sua expressão poética. O que te fez aventurar-se em outro gênero que, de certa forma, era novo para você? 

Ronaldo Cagiano: Comecei escrevendo e publicando poesia. Meus primeiros passos foram num hebdomadário municipal, o jornal “Cataguases”, onde meus primeiros textos apareceram. Minha poesia sempre carregou um fluxo prosaico e com isso fui percebendo que havia um influxo narrativo nos versos. A migração para o conto e para a ficção se deu naturalmente. Mas sou leitor assíduo de poesia e continuo a escrevê-las e publicá-las. Tanto que minha relação com a ficção se encaminha mais para uma prosa poética, talvez incorporando aquele sentimento de Baudelaire: “Seja poeta mesmo em prosa.” 

Ligados: Quantos e quais livros já publicou? 

Ronaldo Cagiano: Entre livros publicados e antologias organizadas são os seguintes: 

"Palavra engajada" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1989); "Colheita amarga & outras angústias" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1990); "Exílio" (poesia, Ed. Scortecci, SP, 1990); "Palavracesa" (poesia, Ed. Cataguases, Brasília, 1994); "O prazer da leitura", em parceria com Jacinto Guerra (contos juvenis, Ed. Thesausus, Brasília, 1997); "Prismas – Literatura e outros temas" (crítica literária, Ed. Thesaurus, Brasília, 1997); "Canção dentro da noite" (poesia, Ed. Thesaurus, Brasília, 1999); "Espelho, espelho meu", em parceria com Joilson Portocalvo (infantojuvenil, Ed. Thesaurus, Brasília, 2000); "Dezembro indigesto" (contos, Brasília, 2001); "Concerto para arranha-céus" (contos, LGE, Brasília, 2004); "Dicionário de pequenas solidões" (contos, Língua Geral, Rio, 2006); "O sol nas feridas" (poesia, Dobra Ideias, SP, 2011); "Moenda de silêncios", em parceria com Whisner Fraga (novela, Dobra Ideias, SP, 2012); "Antologia do conto brasiliense" (Projecto Editorial, Brasília, 2001), "Poetas mineiros em Brasília" (Varanda Edições, Brasília, 2001) e "Todas as gerações - O conto brasiliense contemporâneo" (LGE Editora, Brasília, 2006).

Ligados: Como acontece o seu processo de criação literária? 

Ronaldo Cagiano: A poesia e a ficção nascem do acaso, em qualquer lugar, em qualquer tempo. Ela irrompe quando quer. Um poema, um conto ou uma novela podem emergir de circunstâncias bem distintas: de uma ideia pré-concebida ou de um insight, de algo que se assanha em nosso inconsciente ou se insinua a partir da realidade e dos pequenos acontecimentos quotidianos. Um simples olhar ou uma simples ocorrência fortuita podem deflagrar a criação literária. Não tenho disciplina, muito menos rotina imposta. No entanto, um texto pode surgir no trabalho, do sonho, de uma caminhada, de uma viagem, de um traslado de ônibus ou metrô, de uma conversa entreouvida num botequim, de uma cena flagrada ao acaso. Tudo pode ser matéria e circunstância que, ocorrendo no momento certo, podem ser apreendidas como leitmotiv. Assim como a memória, fonte inesgotável de motes literários. 

Ligados: Em seus textos em prosa são comuns os temas urbanos, a modernidade, a metrópole e a ruptura social. Por que o autor se utiliza destes cenários? 

Ronaldo Cagiano: Sempre vivi na cidade. Até os 18 anos, vivi em Cataguases, cidade industrial da zona da Mata Mineira, que tem uma ligação muito forte, por conta da proximidade, com Rio de Janeiro e Belo Horizonte e um pouco também com São Paulo. Mudei-me para Brasília, onde vivi 28 anos e há cinco estou em São Paulo. Minha experiência pessoal, afetiva, geográfica, histórica, social e psicológica é toda urbana e a maior parte da minha vida eu a passei em grandes centros. Por essa razão capto esse universo que me é particular. Jamais escreveria sobre o sertão, seja ele mineiro, do cerrado ou do Nordeste, porque não saberia reproduzir a sua riqueza, seus valores e idiossincrasias, porque não fui afetado por essas realidades. Então, falo do que vivi e de onde vivi e os centros urbanos me oferecem o material humano e sensorial para minha confecção literária. Então, são as questões ligadas a essa vivência que procuro captar no meu trabalho, principalmente um olhar sobre a solidão e insularidade do homem contemporâneo na sociedade premida por tantas exigências e demandas, que sofre as suas tragédias diárias e se avilta diante do caos que lhes é tão peculiar. 

Ligados: Ainda na literatura, você foi organizador de inúmeras coletâneas. Em sua opinião, qual a importância deste difusor cultural no cenário literário brasileiro? 

Ronaldo Cagiano: As antologias são importantes – e até necessárias – no sentido de mapear um território e registrar uma época dentro do panorama da literatura, no entanto elas não são definitivas, não há qualquer caráter compulsório e definidor de cânones, porque é a peneira do tempo, do leitor e da crítica que vão dizer o que permanecerá. As antologias refletem um universo num dado lugar e momento e aí há o vezo subjetivo, pois entra o juízo de valor do organizador. Por mais isento que se queira ser na organização de coletâneas literárias, há sempre o risco das injustiças e dos excessos, porque você acaba delimitando um determinado espaço criativo em função de seus gostos e suas escolhas. E como dizia Clarice Lispector, “Toda escolha implica num assassinato”. O que a define como o melhor da prosa; ou B como o melhor da poesia; ou Fulano faz o panorama da literatura negra, ou gay, ou feminina, no fundo acaba guetificando e reduzindo a literatura, porque outros olhares ou julgamento serão feitos, tantos forem os idealizadores. Portanto, precisamos relativizar esses trabalhos coletivos. Nem sempre uma antologia é totalmente fiel ao seu tempo e à geografia que pretende mensurar. 

Ligados: Certa vez Kafka (escritor que você já demonstrou ter grande admiração em seus livros) disse: “Tudo que não é literatura me aborrece”. Qual o significado desta frase para você? Aproveitando, que outros autores te influenciam? 

Ronaldo Cagiano: Essa frase é o que define a minha vida. Como detesto futebol, é nesse campo que atuo. Como não acredito em Deus, é ela meu evangelho. Literatura para mim é farol, chão, teto, pulmão, janela. Como já disse Northrop Frye, “A literatura continua sendo o único lugar onde se pode ser livre.” Lembro-me de uma frase do amigo e escritor Duílio Gomes, mineiro de Mariana, falecido há pouco mais de um ano, que serve também para situar minha relação com a escrita: “Escrever não é a coisa mais importante do mundo, mas deixar de fazê-lo, quando se tem vocação para tanto, pode ser a pior coisa do mundo.” Quanto a influências, eu prefiro falar nas que sofri com a experiência pessoal, o dia a dia, o passar a infância engraxando sapatos na barbearia, cujo convívio com pessoas e o acesso às leituras de jornais foram fundamentais na minha formação. Mas em relação a autores há aqueles que me acompanham sempre, cujas leituras renovam em mim o prazer de escrever: Graciliano Ramos, Anton Tchecov, Albert Camus, Kafka, Pessoa, Drummond, Bandeira, Vergílio Ferreira, Lobo Antunes, Faulkner, Thomas Mann, Proust, Campos de Carvalho, Clarice, Machado, Rosa. 

Ligados: Que dica você daria aos novos escritores? 

Ronaldo Cagiano: A leitura precede ao escritor. Ao talento e pré-disposição para escrever, o hábito de leitura se converte no maior aliado. È a leitura (e releitura, principalmente) que nos colocam na direção de uma escrita afinada e profunda. Não há como aprimorar seu processo criativo sem a constância da leitura. Inquieta-me perceber que há escritores que iniciam sua trajetória, começam publicando aqui e ali, mas não leram nada. Isso empobrece o trabalho individual e nivela por baixo as novas gerações. 

Ligados: Existem projetos em pauta ou títulos para serem publicados? Se sim, poderia nos falar um pouco sobre eles? 

Ronaldo Cagiano: Estou com dois livros novos, um deles de poesia, ainda inéditos. Recentemente, fui contemplado com a Bolsa do Governo do Estado de SP, destinada à conclusão de obras em andamento. Meu livro de contos “Eles não moram mais aqui” in progress foi escolhido. Escrevi um romance, “Diolindas”, em parceria com minha esposa, Eltânia André. E também sairá em 2012 em Coimbra meu livro de poesia “O sol nas feridas”, que foi publicado ano passado aqui e foi finalista do Prêmio Portugal Telecom. 

Ligados: Considerações finais. 

Ronaldo Cagiano: Deixo aqui minha reflexão, a partir de uma sentença de Fernando Pessoa: “A literatura, como toda arte, é a confissão de que a vida não basta.”


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 14/12/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com

Entrevista com o escritor Pipol no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

José Pires, ou Pipol, como é mais conhecido no meio artístico, além de poeta (autor do e-book “Brinquedos de Palavras”) é também editor-fundador do Cronópios, portal de literatura brasileira que publica textos de autores contemporâneos, além de entrevistas, críticas e podcasts. Paralelamente ao projeto inicial, há ainda a TV Cronópios e o Cronopinhos (que acaba de ganhar um projeto experimental em parceria com o mestre bonequeiro Jorge Miyashiro, chamado Cia. Cronopinhos de Teatro de Bonecos). O referido portal ganhará no próximo ano uma nova interface.

O autor Pipol

Ligados: O seu nome de batismo é José Pires, porém, é mais (ou somente) conhecido no meio literário como Pipol. De onde surgiu esse apelido, e quais as razões que o levaram a adotá-lo também como pseudônimo artístico? 

Pipol: O apelido ficou depois de outro apelido. O título que dei ao meu primeiro livro de poemas foi “Pipoca”, isso lá nos anos 80. Claro que, depois do livro, ganhei o apelido de Pipoca. Durante muitos anos, mesmo não gostando, os amigos me chamavam de Pipoca. Depois de um tempo, eles foram me arrumando um apelido do apelido que virou o tal Pipol. Aí eu já gostei mais, e resolvi adotar o apelido com a grafia “errada” - não é o “people” do inglês. 

Ligados: Qual “estopim” te levou a escrever poesias? 

Pipol: Eu me interessei por literatura e arte e poesia somente na época da faculdade, antes meu interesse sempre foi por ciência e o mundo científico. Meu caminho natural era me tornar um cientista. Mas durante a faculdade, depois das aulas, a gente frequentava muitos barezinhos de estudantes. Numa bela noite eu vi um pessoal chegando ao bar oferecendo uns livros de poemas que eles mesmos editavam e vendiam. Eu fiquei impactado com aquilo. Na hora me deu vontade de ser como eles, de ser amigo deles... O pior foi que eles me aceitaram... (risos) Fui acolhido por pessoas que eram como que de outro mundo para mim. 

Ligados: A difusão dos seus textos começou com a criação do extinto grupo de poetas “Pirataria Poética”, ou já havia rastros de outros movimentos culturais antes? Têm boas lembranças daquele tempo? 

Pipol: Tenho boas lembranças, sim, da época da nossa Pirataria Poética, lá de Bauru – SP. Tiveram outros grupos de poetas na cidade antes do nosso, claro. E devem existir outros hoje por lá. Trabalhar em grupo e criar junto com outros artistas é muito bom. Fazíamos um monte de maluquices e aprendemos um monte de coisas uns com os outros. Mas estávamos numa cidade do interior, na época não existia internet e quase nem telefone. Para mim foi fundamental ser um membro da Pirataria Poética. Até hoje eu tenho lá no escritório do Cronópios a capa original do nosso livro. 

Ligados: Como surgiu o Cronópios, e qual o objetivo do mesmo, além dos planos para o futuro? 

Pipol: Eu ouvi falar de internet pela primeira vez em 1990. Achei interessante tudo, mas na verdade eu não entendi a dimensão daquilo. Depois, em 1996, a internet começou a chegar forte aqui no Brasil. Em 1997 eu quis saber o que era isso e fui fazer um curso de html. Meu primeiro site, feito na unha, programando com código html direto, foi o meu livro de poemas chamado “Brinquedos de Palavras”. Acho que foi um dos primeiros e-books, isso foi no começo de 1997. Esse site-livro começou a ser visto e eu me animei. Tive alguns retornos bem legais. Depois de algum tempo já começaram a aparecer sites de tudo. Apareceram sites de literatura também. Eu mandei o link do meu “Brinquedos de Palavras” para vários destes sites buscando divulgação. Um dos editores de um destes sites acabou sendo meu sócio na montagem do Cronópios (que é um site que surgiu depois de outros sites de literatura). Agora estamos trabalhando muito no Novo Cronópios, que deve chegar em janeiro de 2013. Tudo muda de patamar com essa estreia. 

Ligados: A TV Cronópios veio paralela ao projeto inicial, ou surgiu de uma necessidade maior de atingir o público? 

Pipol: A TV Cronópios surgiu de minha paixão pelo cinema documentário e vontade de fazer projetos diferenciados usando a linguagem televisiva. Eu sempre fui ligado a imagens em movimento. Tive a oportunidade de trabalhar numa emissora de TV. Lá eu dirigi um programa para o público jovem chamado Zapteen. Para mim a TV só não estreou junto com o Cronópios porque na época não havia banda larga e nem as técnicas de edição e computadores mais potentes de hoje. 

Ligados: Há alguma chance do Cronópios chegar também às versões impressas? 

Pipol: Seria como trocar uma nave espacial por uma carroça. Essa é a diferença correta e correlata entre os dois meios. O que podemos fazer é lançar um livro comemorativo ou um álbum ou coisa parecida. Mas isso seria uma parte menor do nosso interesse. 

Ligados: Editar ou escrever te proporciona mais prazer? 

Pipol: Editar o Cronópios e tudo o que isso envolve não me deixa muito tempo para escrever. Escrevo nas sobras de tempo. Como nunca sobra tempo... Mas é um enorme sentimento de satisfação e de dever tocar um projeto de arte como o Cronópios. 

Ligados: Recentemente foi fundada a Companhia de Teatro de Bonecos do Cronopinhos, em parceria com o consagrado mestre bonequeiro Jorge Miyashiro. Poderia nos fornecer mais detalhes a respeito? 

Pipol: Queremos animar o nosso Cronopinhos. Quando o Novo Cronópios ficar pronto, vamos dar uma atenção especial para esse mundo dos que escrevem e editam para crianças. A ideia é aproveitar a experiência do Jorge Miyashiro com os vários trabalhos que ele já desenvolveu para o público infantil e criar a coisa a partir daí. A primeira ideia da nossa parceria foi criar a Cia. Cronopinhos de Teatro de Bonecos. Parece uma boa ideia. Vamos experimentar. 

Ligados: Você disse que não escreverá outro livro solo, apenas irá atualizar e aumentar constantemente o “Brinquedos de Palavras”. Como a obra se encontra hoje? 

Pipol: Como se diz no mundo da web, está em fase BETA. 

Ligados: Gostaria de encerrar com mais algum comentário? 

Pipol: Muito obrigado pela entrevista. O convite foi uma honra.


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 30/11/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Entrevista com o escritor Eduardo Lacerda no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

Eduardo Lacerda é autor do livro de poemas "Outro Dia de Folia", premiado pelo ProAC 2011 e que será lançado em dezembro. Nasceu em Porto Alegre em 1982, mas reside atualmente em São Paulo. Coeditou a "Revista Metamorfose" e "O Casulo – Jornal de Literatura Contemporânea". Trabalhou como assistente de produção cultural na Casa das Rosas e como produtor cultural no Programa São Paulo: um Estado de Leitores. Atualmente, é coeditor da Editora Patuá, onde acredita que livros são amuletos. Tem poemas publicados em revistas eletrônicas e impressas como Entrelivros, Mirante, Ventos do Sul, Cronópios, Germina e em algumas antologias, como a Antologia Vacamarela e El Vértigo de los Aires (México). 

O autor Eduardo Lacerda

Ligados: Eduardo poeta. Eduardo produtor cultural. Eduardo editor. Em qual deles, e de que forma Lacerda mais se realiza? 

Eduardo Lacerda: A história da literatura é cheia de exemplos de escritores e poetas que também são editores, tradutores, críticos etc. Fazer literatura é muito mais do que escrever e publicar, aliás, escrever e publicar são as menores partes dentro da literatura, acredite. A literatura pede compromisso e engajamento. E penso esse sistema que funciona a poesia como uma guerrilha. É preciso ter coragem para fazer mais, para ousar. E não estou falando de fazer melhor, eu acredito muito no erro e na falha como meios de experiência literária. Como disse o Piva, “não acredito em poeta experimental sem vida experimental”, e a vida experimental contempla mil significados. 

Mas a verdade é que, para mim, estas são atividades que se complementam dentro da minha obra, uma não viveria sem a outra, mas atualmente minha grande paixão é a edição de livros. Sou mais feliz ajudando um jovem escritor a ser reconhecido do que publicando meus próprios poemas, tanto que demorei mais de doze anos para publicar “Outro dia de folia”, meu livro de estreia. 

Ligados: Como surgiu o seu fascínio pela literatura? 

Eduardo Lacerda: Minha mãe sempre teve o hábito de ler para mim, lembro que ela lia algumas histórias infantis e eu adorava, mas o primeiro livro do qual me recordo da leitura, que me impressionou muito, foi, sim, acredite, um livro do Paulo Coelho. Hoje, muito mais experiente como leitor, não conseguiria ler duas frases do ‘mago’, mas em uma família pobre, de pais sem estudo, mas cheios de boa vontade, aquela leitura aos seis anos me colocou em um outro mundo. Essas experiências são bem pessoais, talvez aquela leitura, para outra criança, desperte outras coisas, não um leitor. Provavelmente não desperte mesmo. Mas acredito que para mim, naquele momento, foi decisivo para querer ler outras coisas, conhecer outras coisas. Se não me engano, o segundo livro que me leram e que me leu foi “Dom Casmurro”, um salto incrível, não é? Depois li tudo o que foi possível, principalmente depois de descobrir, já na escola, a poesia e as bibliotecas. 

Hoje meu fascínio pela literatura é o da participação na ‘vida literária’ através dos encontros, das conversas, dos recitais, debates, saraus, publicações etc. 

Ligados: Você publicará em dezembro o tão temido livro de estreia, um projeto que reúne alguns poemas e que foi premiado pelo ProAC, intitulado de “Outro dia de folia”. Está otimista quanto à receptividade da obra? Aproveitando, poderia nos fornecer detalhes a respeito? 

Eduardo Lacerda: Alguns poemas desse livro foram premiados em diversos concursos, outros publicados em revistas e sites; por fim, o conjunto foi premiado pelo ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. O prêmio, de 10 mil reais, possibilita a produção de mil exemplares do título, sendo que 200 serão distribuídos gratuitamente nas bibliotecas públicas do Estado de São Paulo, o que é ótimo para a recepção da obra. Além disso, pretendo envia-lo para críticos, poetas e professores como forma de divulgação. 

De qualquer forma, eu tenho consciência de que a divulgação de um livro é extremamente difícil, e não será diferente com o meu. Sei, também, que apesar de existirem alguns ótimos poemas dentro do livro, eu tenho inconstâncias, ainda estou desenvolvendo uma linguagem. No meio desses ótimos poemas, muitos medianos, apenas razoáveis e também ruins. Mas é importante ter coragem de acreditar no erro e entrar no debate da poesia contemporânea com a minha proposta poética. 

Ligados: O que te faz escrever poesias? 

Eduardo Lacerda: Os motivos que me fazem escrever um poema são diversos. Gosto de criar personagens, quase sempre ocultos, e também espaços e cenas dentro do poema. Então tento recriar as situações do meu cotidiano e das minhas experiências, mas nunca escrevo nada sobre mim, embora seja tudo muito pessoal. Nada mais subjetivo do que a objetividade. 

Ligados: Quais livros não podem faltar em sua estante e quais autores influenciam o seu estilo de escrever? 

Eduardo Lacerda: Gosto de ler de tudo, mas principalmente poesia. E, dentro da poesia, principalmente a poesia contemporânea, os autores recentes, os jovens, os inéditos. Entre os meus escritores preferidos, cito a Hilda Hilst, Ferreira Gullar, Ana C. César, Leminski, Drummond, João Cabral de Melo Neto, Mário Faustino, Herberto Helder, Borges, Garcia Márquez, Manoel de Barros, entre os consagrados. É impossível citar nomes dos mais jovens, são muitos e correria o risco de esquecer pessoas de quem gosto muito. 

Ligados: Como surgiu a ideia de criação da Editora Patuá? 

Eduardo Lacerda: A Editora Patuá foi criada em setembro de 2010, mas publicamos nosso primeiro título em fevereiro de 2011. Atualmente contamos com quase 70 autores em nosso catálogo e temos outros 40 títulos em preparação. 

Eu já edito publicações há dez anos, desde que publiquei a Revista Metamorfose, uma revista literária que coeditei no curso de Letras da USP; depois coeditei dez números d’ O Casulo – Jornal de Literatura Contemporânea, periódico que contou, por cinco números, com o patrocínio da Prefeitura de São Paulo, através do programa VAI – Valorização de Iniciativas Culturais. 

A Patuá tem dois editores, Aline Rocha e eu.

Ligados: Quais as dificuldades do jovem empreendedor que busca se engajar em um mercado literário cada vez mais competitivo? A editora possui um diferencial que a destaca das demais, ou seja, uma proposta que atrai o público, de maneira geral? 

Eduardo Lacerda: São duas perguntas muito importantes. 

Sobre as dificuldades do jovem empreendedor ou escritor. Quais as dificuldades? Nunca foi tão fácil publicar e divulgar o próprio trabalho. A dificuldade, que não é a do engajamento, mas da falta dele, está no fato de que a imensa maioria dos jovens (e também dos ‘velhos’) escritores brasileiros não gostam de ler, não compram literatura, não se interessam pelo outro, não têm consciência do mercado editorial e literário, desconhecem nossos escritores, estreantes ou consagrados. São preguiçosos e, mesmo assim, quase sempre arrogantes. A literatura deve ser uma festa, a literatura permite encontros, nos traz experiências e amigos. Mas é preciso compromisso, é preciso trabalho. 

O mais bonito é que todos os dias surgem novos grupos de jovens querendo criar uma revista, querendo fazer um sarau, uma leitura pública, um projeto de editora. Eu acredito nesses jovens. E só há dificuldade porque decidiram mesmo fazer alguma coisa. Eu fiz muitas coisas, junto com amigos. Foi difícil? Foi. Mas encontramos a recompensa, que é a da amizade, do encontro com a literatura. Eu acredito muito no que diz o poema “O Artista Inconfessável”, de João Cabral de Melo Neto. 

Já sobre a editora, a Patuá é, provavelmente, a única editora no país que está publicando jovens autores estreantes sem cobrar pela edição e fazendo, além disso, um trabalho de divulgação. Há outras editoras que publicam gratuitamente, como já disse várias vezes, nada mais fácil do que publicar livros. Mas tentamos ir além de publicar um livro. Nós queremos fazer sempre melhor. Utilizamos, para cada livro, um projeto gráfico exclusivo, criamos ilustrações criativas e bonitas, utilizamos apenas os melhores papéis e acabamentos, divulgamos o livro através do envio para jornais, revistas, críticos e professores. Indicamos nossos autores para participação em eventos, debates, cursos. Em menos de dois anos publicamos quase 70 autores, todos ótimos. 

Ligados: Que dica você daria aos novos escritores? 

Eduardo Lacerda: Eu repito esse conselho sempre que é possível: Os escritores deveriam ler mais. Tenho a impressão, quase certeza, de que existem mais escritores no mundo do que leitores – um paradoxo, sim –. Vejo, todos os dias, os escritores reclamando da falta de espaço nos jornais, nas editoras, nas livrarias. Como um autor pode esperar por um espaço nesse mundo se ele mesmo não é um espaço para outros escritores? 

Ligados: Algum outro projeto em mente? 

Eduardo Lacerda: Demorei algum tempo para responder a essa entrevista, mas foi bom, pois recebemos há poucos dias a notícia que a Patuá foi premiada no ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura. Ano passado, como dito, tive meu livro pessoal contemplado, com um prêmio de R$ 10.000,00. Este ano recebemos um prêmio para a editora, com um valor bem maior. O projeto, basicamente, contempla a publicação de 12 livros, com tiragem de 1500 exemplares cada, de 12 autores inéditos. Serão, ao todo, 18 mil exemplares, sendo que 20% serão doados para as bibliotecas públicas do Estado de São Paulo. 

Ligados: Considerações finais. 

Eduardo Lacerda: Só quero agradecer a oportunidade e dar os parabéns pelo excelente trabalho. São dos que digo que fazem a diferença.


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 16/11/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com

Entrevista com o escritor Bento de Luca no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

Bento de Luca é o pseudônimo dos autores Gustavo Almeida e Marcelo Siqueira. Nascidos em São Paulo em 1986 e 1987, respectivamente, e formados em Gestão Ambiental (Almeida) e Naturopatia (Siqueira), os primos se interessaram pela literatura desde cedo, e durante nove anos escreveram juntos alguns rascunhos que, posteriormente, se tornariam no livro “O Príncipe Gato e a Ampulheta do Tempo”, o primeiro de uma trilogia, o qual se tornou a segunda obra mais vendida da editora Novo Século.

Os Autores Gustavo e Marcelo

Ligados: Bento de Luca é o pseudônimo dos autores Marcelo Siqueira e Gustavo Almeida. De onde surgiu este nome e a ideia de se criar uma obra a dois? Houve conflito de opiniões em algum momento ou a escrita ocorreu de forma pacífica? 

Bento de Luca: Crescemos juntos e sempre compartilhamos das mesmas ideias! Esse desejo de criar um universo só nosso, de escrever um livro, surgiu na infância. Foi algo que cresceu dentro da gente ao mesmo tempo! Escrevemos juntos, portanto, desde a adolescência. Resolvemos adotar um único pseudônimo, pois utilizamos a ideia de que nosso livro é uma total fusão de nossas mentes, e que seria, portanto, terminantemente impraticável separar isso. Sobre a questão dos conflitos, podemos dizer que todo o processo fluiu de forma muito agradável. Nunca tivemos qualquer tipo de desentendimento, ou conflito de opiniões. No momento em que tivermos algum problema com relação a isso, algo estará errado! É preciso que haja uma “conexão”, e uma busca constante para mantê-la, caso contrário, não fluirá! 

Ligados: Quando surgiu essa paixão pela literatura, e por que se tornar escritores? 

Bento de Luca: Em 2001 fomos ao cinema assistir “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Nessa ocasião é que tivemos o grande estalo do tipo “Vamos bolar uma história só nossa! Vamos criar o nosso mundo!” De lá para cá desenvolvemos vários contos, várias histórias e roteiros; iniciamos alguns livros, mas nunca terminamos... E, sem grande maturidade literária, deixamos o sonho descansar um pouco em nossas almas. Foi no final de 2009 que resolvemos tirá-lo da gaveta. Com esse desejo fortemente digerido em nossas mentes, iniciamos uma nova história... Assim nasce o “O Príncipe Gato”! Posso concluir então dizendo que a J. K. Rowling foi a responsável pelo nosso interesse na Literatura, em especial na Literatura Fantástica, e consequentemente, pela escrita.

Ligados: “O Príncipe Gato e a Ampulheta do Tempo” é o primeiro livro de uma trilogia infantojuvenil que reúne contos e histórias fantásticas. Como funcionou o processo de escrita? Qual o enredo da obra? 

Bento de Luca: Eu diria que o processo de escrita fluiu como as águas de um rio. Temos grande afinidade. Crescemos juntos! Nossas ideias são sempre muito parecidas e complementares. O fenômeno da telepatia às vezes acontece também! (Risos) Mas falando diretamente sobre a mecânica de criação em si, a estruturação do livro, o roteiro, a composição dos personagens, tudo é feito em conjunto. Não existe aquilo de “Ah, você cria um personagem e eu crio outro!”, não, tudo é desenvolvido pelos dois. Com o roteiro bem arquitetado, mergulhamos nos capítulos individualmente, em uma ordem preestabelecida, mas, de todo modo, cada capítulo acaba passando pelas mãos dos dois. No final das contas tudo fica homogêneo; e isso é muito importante! O primeiro volume da trilogia “O Príncipe Gato e a Ampulheta do Tempo” conta a jornada de um viajante felino que veio através de um portal dimensional - um Buraco de Minhoca - do reino de Marshmallow para São Paulo, em busca de uma lendária ampulheta. A relíquia é a única capaz de salvar o reino do nobre Príncipe Gato que está à beira da destruição. Aqui na cidade ele acaba recrutando para a missão um jovem humano e um sábio roedor. Juntos eles iniciam a jornada em busca da Ampulheta do Tempo, mas logo eles percebem que não são os únicos que desejam a relíquia sagrada, o que acaba desencadeando uma série de problemas. 

Ligados: Vocês imaginavam que a recepção do livro seria tão positiva por parte dos leitores, tornando-o uma das obras mais vendidas da Novo Século? 

Bento de Luca: Até o presente momento o feedback que estamos recebendo não poderia ser melhor! Estão surgindo dezenas de resenhas pela internet extremamente positivas. Com frequência recebemos comentários nas redes sociais, como facebook e twitter, além de vários e-mails! Estamos bastante empolgados com essa receptividade calorosa. Estivemos apenas três dias na Bienal do Livro de São Paulo, e foi uma grande felicidade ver o “O Príncipe Gato” como o segundo mais vendido da Novo Século. Só temos a agradecer por todo o carinho dos leitores. 

Ligados: Quais autores influenciam as suas produções literárias? 

Bento de Luca: J. K. Rowling (Harry Potter); C. S. Lewis (Crônicas de Nárnia); J. R. R. Tolkien (O Senhor dos Anéis); Rick Riordan (Percy Jackson); Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas); Philip Pullman (Trilogia Fronteiras do Universo)... São muitos livros e autores literalmente fantásticos! Aqui no Brasil citaria: André Vianco, Eduardo Spohr, Raphael Draccon... Tem muitos autores nacionais de alta qualidade surgindo por aqui. Isso é realmente uma grande vitória! Tem um novo quadro de autores que realmente vale à pena conferir. São eles: Marcel Colombo, Reginaldo Fazio, Khêder Henrique, Ana Macedo, Leandro R. S. Filho, Willian Donadon... Não tenho como citar todos!

Ligados: Sabemos que engajar-se no mercado literário e divulgar a obra satisfatoriamente é um processo bem mais árduo que a própria criação do livro, e isso muitas vezes é desconhecido pelo autor estreante. Foi difícil encontrar uma editora? Quais os maiores empecilhos no caminho? 

Bento de Luca: Esse tema pode render um livro! (Risos) Ser um escritor não é um “caminho” fácil! Encontrar uma editora é uma tarefa, muitas vezes, complicada! Mas é preciso acreditar. Existem muitas editoras aproveitadoras; outras que nem querem saber de você... Seria um milagre, portanto, se disséssemos que foi rápido e fácil! Acredito que pouquíssimos tem essa sorte! Enviamos o nosso livro para mais de 20 editoras. Felizmente, após um ano e meio de muita procura, fechamos contrato com a editora Novo Século, sob o selo “Novos Talentos da Literatura Brasileira”! E assim o Príncipe Gato comemorou a conquista! Publicar um livro é apenas um degrau alcançado de uma longa escada espiralada. Ganhar destaque, se manter na mídia, é uma tarefa árdua que, como bem apontado na pergunta, o autor estreante não costuma ter consciência. A divulgação é a grande ferramenta que definirá quais autores ficarão pelo caminho e quais conseguirão atingir o ponto almejado. 

Ligados: Alguma dica aos próximos escritores? 

Bento de Luca: É uma dica aparentemente muito simples, mas quando se vive de fato nesse universo literário, acaba se tornando quase como um mantra: “Nunca desista dos seus sonhos!” E, como postamos recentemente no facebook “Ao impossível e além”! 

Ligados: Existe algum projeto em andamento, além da trilogia “O Príncipe Gato”? 

Bento de Luca: Já estamos trabalhando em cima do segundo volume da trilogia “O Príncipe Gato e a Flor-Cadáver”! Na realidade já temos o “esqueleto” completo da trilogia, o que é importante para enlaçar toda a trama. Esse segundo volume será um pouco maior com relação ao primeiro! O que posso revelar é que ele será ambientado em Marshmallow, o reino do Príncipe Gato, e que alguns pontos que ficaram “meio sem respostas” serão revelados. Essa é a grande graça de trilogias e séries. Os leitores podem esperar personagens nunca antes imaginados; uma história bem diferente, recheada de aventura e um ritmo alucinado do começo ao fim! 

Ligados: Rascunhos de algum projeto solo? 

Bento de Luca: Nosso foco no momento está voltado para a trilogia “O Príncipe Gato”, em terminar os próximos dois volumes. Mas com certeza não pararemos depois disso, novos projetos com Bento de Luca (Marcelo Siqueira e Gustavo Almeida) surgirão. Mas temos nossos projetos individuais também, que estão guardados, apenas esperando o momento oportuno para a publicação. 

Perguntas rápidas: 
Autor(a): J. K. Rowling;
Ator(Atriz): Johnny Depp;
Site: www.oprincipegato.com.br; 
Banda: 30 Seconds to Mars;
Música: This is War;
Filme: As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa.

Links na internet: 
Twitter: @oprincipegato;

Links dos seus produtos nas lojas onlines: 
Saraiva: Aqui
Submarino: Aqui
Cultura: Aqui
Siciliano: Aqui.

Ligados: Gostariam de encerrar com algum recado? 

Bento de Luca: Em primeiro lugar gostaríamos de agradecer o espaço cedido pelo blog Ligados FM! Para os leitores do blog fica o convite para que permaneçam com o Príncipe Gato e que mergulhem de cabeça nessa lenda! Grande abraço a todos!


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 02/11/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Entrevista com a escritora Tammy Luciano no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

Tammy Luciano é atriz, jornalista e escritora. Atuou em inúmeras novelas televisivas, dirigiu peças de teatro e foi colunista de importantes veículos de comunicação, além de ter cursado roteiro em Washington DC e trabalhado para a Idea Television. Como autora, lançou “Fernanda Vogel – Na passarela da vida” (2003); “Novela de poemas” (2005); “Sou toda errada” (2009) e “Garota replay” (2012).

A autora Tammy Luciano

Ligados: Quem é Tammy Luciano? 

Tammy Luciano: É a pergunta que me move e me faz criar, escrever... 

Ligados: Existe algum autor que te inspira durante o processo de escrita? 

Tammy Luciano: Curioso, mas quem me inspira não é conhecida como escritora, é uma pintora, Frida Kahlo. Ela é referência, sempre cito a Frida porque ela me abriu a porta das artes. Eu estava começando a viver o teatro, a escrita, quando comecei a pesquisar sobre sua vida. Ela era escritora indiretamente, escrevia no seu diário e o texto dela em cartas, anotações, era muito direto, emocional e sem censura. Me identifico com essa mulher reflexiva, cheia de atitude... Na minha casa, recebi muito apoio dos meus pais para ser quem eu queria ser. Mas o mundo nem sempre te recebe dessa maneira, as pessoas acham que podem mandar no seu sonho e a Frida me ensinou a ser eu mesma.

Ligados: Quantos e quais livros já publicou até o presente momento? Fale-nos brevemente sobre cada um. 

Tammy Luciano: São quatro livros publicados. Em 2003, lancei “Fernanda Vogel - Na Passarela da vida”, sobre a vida, a carreira e o falecimento da modelo Fernanda Vogel. Esse livro mudou a minha vida. Eu estava em um processo de escrever peças de teatro, poesias e crônicas, aí uma das crônicas foi sobre a modelo e a mãe dela adorou. Eu não tinha ideia, mas o convite para o livro mudaria minha vida para sempre. Em 2005 lancei “Novela de Poemas”, um livro com uma coletânea de poesias, patrocinado pela empresa Orient Mix, feito especialmente para a Bienal do Rio de 2005. Esgotou. Em 2009, lancei “Sou Toda Errada”, com a protagonista vilã Mila, infernizando a vida de um ex-namorado. Com esse livro me reafirmei com o público jovem. O livro fez sucesso na internet, conquistou a segunda edição e me influenciou na minha conquista de me tornar a 1ª escritora brasileira do Selo Novo Conceito Jovem, onde lancei “Garota Replay”, que é a história da Thizi, uma garota do bem que é traída pelo namorado e no meio de uma crise existencial, encontra uma garota igual a ela. 

Ligados: Poderia nos contar sobre o processo de criação de suas obras? 

Tammy Luciano: Hoje em dia eu tenho um processo mais profissional. Antes eu escrevia em caderno, demorava a colocar no computador, ia reler as anotações depois. Hoje em dia, meu ritmo de produção aumentou e estou mais intensa na escrita. Escrevo com frequência, me dedico ao livro. Trabalho de segunda a sexta. Continuo adorando os cadernos e quando passo para o computador, já faço uma primeira revisão. O livro normalmente começa com a protagonista, vou anotando ideias, deixando chegar as outras personagens, anotando a caminhada da personagem e atualmente penso no final. Até “Garota Replay” o final era uma surpresa para mim, eu ia escrevendo, sem saber como o livro acabava. No livro que será lançado, eu já tinha em mente como terminá-lo. Fiz muitas anotações a respeito do final. Acho que as anotações e reflexões são grandes companheiras do autor. 

Ligados: Você trabalha como escritora, jornalista e atriz. Existe algum “truque” para conseguir equilibrar e conciliar o seu tempo entre a vida social e profissional? 

Tammy Luciano: Eu sempre dou um jeito. Quando posso, estou com a minha família. Os amigos entendem que ando saindo menos, mas estão sempre por perto ligando, indo me encontrar quando podemos. Como viajo muito nos finais de semana, muitas vezes os eventos literários são a minha diversão do final de semana. Não reclamo. Desejei muito conquistar meu espaço. Quando me convidam para visitar uma cidade, não passa pela minha cabeça não viajar. Esse final de semana consegui aproveitar a praia, tentei não pensar em trabalho porque eu penso muito, o tempo todo. 

Ligados: A grande maioria dos leitores brasileiros idolatram os Best-sellers internacionais, enquanto muitos livros de autores nacionais de ótima qualidade são esquecidos em prateleiras de livrarias. Você também sente isso? 

Tammy Luciano: Não sofro com isso. Muita gente me pergunta como consigo ser forte nesse trabalho. Eu simplesmente não foco meu pensamento nos acontecimentos ruins. Me dedico a criar para os leitores que já me conhecem, busco trabalhar para ter novos leitores, mas quem não curte autor nacional, eu lamento, mas é um processo que só vai melhorar com o tempo. Sempre que posso participo de campanhas exaltando a literatura nacional e agradeço bastante os Blogs que não fazem distinção entre nacionalidades. Não gosto de “coitadismo” em relação ao tema. Não acho que a literatura brasileira precise que sintam peninha ou receba esmola. Precisamos de ações, atitudes, a imprensa ajudando mais como vocês estão fazendo... E os nossos livros estão vendendo, queiram alguns ou não. Outro dia uma leitora amada me mandou uma foto do meu livro na vitrine de uma livraria na Tijuca, Rio de Janeiro, e me contou que o vendedor disse: Esse livro está esgotando.

Ligados: Como todo escritor, você já deve ter recebido críticas a respeito dos seus textos, e teve que enfrentar obstáculos neste árduo caminho das artes. Você acredita que estes desafios servem como fortalecimento e amadurecimento? 

Tammy Luciano: Com certeza. Leio tudo que falam dos meus livros. As pessoas têm o direito de achar o que querem. Essa é a graça do meu trabalho. “Garota Replay” foi muito comentado e recebeu críticas, elogios... Eu respeito, nada me ofendeu porque eu levo numa boa. Já saíram mais de 230 resenhas elogiando o livro, para mim um número muito positivo. Se sai uma resenha ruim, leio, penso e reflito. Não me acho a tal e muito menos a melhor de todas. Livros que fazem sucesso passam por isso, a questão é como o autor reage. A melhor opção é seguir, porque críticas muito ácidas fazem parte desse sucesso. Um dia no Twitter, falei que quem curtiu “Garota Replay” e quisesse me mandar uma foto com o livro, eu adoraria. Um leitor me respondeu: “E quem não gostou do livro, pode mandar também?” Pode, né? A questão é que na vida cada um dá o que tem. 

Ligados: A internet tem te ajudado na divulgação e repercussão das suas obras? 

Tammy Luciano: Muito. É o meu maior canal de comunicação com meus leitores. Semanas atrás estive autografando no 2º Literart em São Pedro da Aldeia. Depois da palestra, desci do palco e uma leitora veio na minha direção com os olhos cheios de lágrimas e me disse: “Eu amo seu trabalho, amo seus vídeos do Crônica Falada!” Isso é fruto da internet. Esse carinho é que alimenta o trabalho. O Crônica Falada é um projeto criado para o meu site (www.tammyluciano.com.br), assim como o Clipe de Poesias, em que gravo meus poemas, os interpretando. O mundo virtual me aproximou muito dos leitores. Aliás, aproveito para dizer que sou eu mesma que respondo cada um. Não tem ninguém dizendo oi para os meus leitores no meu lugar. 

Ligados: Possui projetos em andamento? 

Tammy Luciano: Terminei um livro novo, está com o meu editor, e estou ensaiando um espetáculo com meus alunos do projeto social patrocinado pela LAMSA no qual dou aula de teatro. Esse ano ainda tenho muitas viagens autografando pelo Brasil e comecei um novo livro que pretendo terminar antes do fim do ano. A vida está corrida, mas feliz! E eu não sei ficar parada. Quando um projeto acaba, já estou pensando em outro. 

Perguntas rápidas: 
Autor(a): Os brasileiros estão demais!;
Ator(Atriz): Camila Pitanga e Rachel McAdams;
Site: Os blogs literários me ajudaram muito na conquista do meu sonho; 
Banda: Coldplay;
Música: Acabei de escutar “De onde vem a calma”, do Los Hermanos;
Filme: Miss Potter, sobre a história da escritora Beatrix Potter.

Links na internet: 
E-mail pessoal: tammy@tammyluciano.com.br
E-mail profissional: bruno@borgesassessoria.com

Links dos seus produtos nas lojas online: 
Saraiva: Aqui
Cultura: Aqui
Submarino: Aqui
Editora Novo Conceito: Aqui
Site da autora: Aqui.

Ligados: Gostaria de concluir com algum comentário? 

Tammy Luciano: Leiam! A leitura mudou a minha vida, a escrita me deu fôlego e eu sinto que isso pode acontecer com todo mundo. Meu enorme obrigada para todos os leitores que acompanham meu trabalho, me lotam de carinho e obrigada a vocês do Ligados que estão abrindo esse espaço especial para a divulgação do meu trabalho. Sejam sempre felizes.


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 19/10/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Entrevista com o escritor Cesar Veneziani no Ligados FM

LINK ORIGINAL: AQUI.

Cesar Veneziani é um paulistano de 54 anos, Operador de Reator Nuclear e formado em Geografia pela USP, com especialização em Antropologia, e que há pouco menos de dez anos resolveu fazer apenas o que gosta na vida. Daí a escrever foi um passo pequeno... Fez cursos na área de literatura e poesia até que arriscou uma primeira publicação, o livro "Asas" (Utopia Editora, 2009). Depois participou das coletâneas nacionais "Segunda Antologia do Bar do Escritor" e "Terceira Antologia do Bar do Escritor", com prosas e poesias de autores de todo o país, assim como a antologia de sonetos "Sonetário Barnasiano", com dez sonetistas de vários lugares do Brasil. Foi classificado e publicado nos concursos nacionais TOC#140 da FLIPORTO (Porto de Galinhas/PE) em 2010 e 2011 e no concurso nacional de sonetos "Chave de Ouro" da Academia Jacarehyense de Letras, em Jacareí/SP em 2011. Lançou em março de 2012 o livro "Neblina" (Editora Patuá).

O autor Cesar Veneziani

Ligados: Quando aconteceu o seu contato com a Literatura? 

Cesar Veneziani: Desde criança. Sempre li muito, mas confesso que poesia é a minha leitura preferida apenas de uns 10 anos pra cá. 

Ligados: O ofício da poesia lhe surgiu em que momento? 

Cesar Veneziani: Ah... Antes fosse ofício! Sou um apaixonado por poesia: estudo, leio, busco, mas apenas de forma “amadora”. Houve um momento em minha vida em que a necessidade de expressão foi maior que os preconceitos, então comecei e não pretendo parar mais de escrever. 

Ligados: Sabemos muito bem que, no Brasil principalmente, poesia não garante o sustento de ninguém. O que mais subsiste em você, o Operador de Reator Nuclear ou o poeta? 

Cesar Veneziani: Hoje convivem harmonicamente. Não dá pra deixar o trabalho, mesmo porque mal consigo zerar os custos das publicações que já participei. Mesmo quando bancado pela editora, a renda advinda da venda mal paga a merenda... (Não resisti, perdoem! Hehehe...)

Ligados: Existe algum autor que exerce influência sobre você?

Cesar Veneziani: Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Manoel de Barros... Mas o maior de todos e que me influencia a cada poema que leio é Guilherme de Almeida. É um crime para com a cultura o que a mídia faz, simplesmente ignorando Guilherme... 

Ligados: Possui um estilo próprio em seus textos? 

Cesar Veneziani: Não. Acredito que estilo e temática, nos dias de hoje, quando repetidos tornam-se enfadonhos. Como a leitura de poesia é uma pequena parcela do pouco que se lê, procuro aumentar os horizontes para atingir mais leitores! 

Ligados: Você publicou, até o momento, os livros “Asas” (Utopia Editora, 2009) e “Neblina” (Editora Patuá, 2012). Poderia nos fornecer detalhes a respeito das obras? 

Cesar Veneziani: O “Asas” foi uma espécie de descoberta, de abertura de parâmetros e horizontes. Foi uma emoção só. Do ponto de vista literário, apresenta algumas incorreções ou desvios próprios dos iniciantes. Já o “Neblina” buscou, através do amadurecimento no lidar com a palavra e com o ritmo e a sonoridade existentes nela, uma poesia mais consistente. Nele várias formas, estilos e temas são expressos buscando uma leitura fluida e fazendo do leitor um “parceiro” na criação das imagens e cenas, não apenas um mero observador. 

Ligados: Um dos sites sobre Literatura mais conhecidos na internet é o Bar do Escritor, onde autores, iniciantes ou profissionais, divulgam os seus textos para que estes recebam críticas sinceras. Quais os benefícios dessa ferramenta para você, que já participou de três coletâneas organizadas pelo grupo? 

Cesar Veneziani: Os benefícios foram e continuam sendo enormes. Vejam, quando me decidi a “escrever algo que alguém pudesse ler e se identificar”, foi no Bar do Escritor que postei e recebi minhas primeiras críticas. Lá que aprendi que poesia não é desabafo juvenil e que a busca pela excelência deve ser o objetivo único a direcionar a escrita. Tenho uma enorme honra e orgulho de participar e conhecer dezenas de membros do grupo. No Bar do Escritor estão alguns dos maiores poetas da internet! 

Ligados: Ser classificado em concursos literários não é fácil e a decisão dos julgadores quase sempre se baseia em critérios subjetivos, sendo impossível afirmar que os melhores trabalhos foram, de fato, os que venceram. Compensa participar? 

Cesar Veneziani: Compensa sim! Participei já por duas vezes do TOC#140 da FLIPORTO de Porto de Galinhas/PE e fui publicado em ambas (edições de 2010 e 2011). Também fui publicado no concurso de sonetos “Chave de Ouro” da Academia Jacarehyense de Letras, em Jacareí/SP. Por mais que os critérios sejam subjetivos, sempre há uma “linha geral” que, quando ultrapassada, faz com que uma obra se destaque. Passar essa “linha” é um desafio, e eu adoro desafios!

Ligados: Quais as suas pretensões para o futuro? 

Cesar Veneziani: Pretendo começar um mestrado nesta área de poesia... Mas isso tudo ainda em elaboração e sem deixar meu trabalho que, afinal de contas, tem me garantido o sustento já há décadas! 

Ligados: Está com projetos literários atualmente? 

Cesar Veneziani: Tenho um projeto envolvendo a tradução de uma balada, a “The Balladof Reading Gaol” de Oscar Wilde, no qual já trabalho há pouco mais de dois anos e que, depois de pronto, pretendo publicar; tenho também um projeto envolvendo imagens e haicais no formato proposto por Guilherme de Almeida em parceria com a fotógrafa Marselha Zakhia de Itumirim/MG. Fora isso, vou fazendo aqui e ali poemas. Quem sabe um terceiro livro não apareça? 

Perguntas rápidas: 
Autor(a): Guilherme de Almeida;
Ator(Atriz): Jack Nicholson;
Site: Google (um verdadeiro oráculo!); 
Banda: DeepPurple;
Música: Mistreated;
Filme: O Silêncio dos Seus Olhos.

Links na internet: 
Link do seu produto na loja online: 
Editora Patuá: Aqui.

Ligados: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Cesar Veneziani: O que me ocorre agora é apenas agradecer à oportunidade. Não conheço o trabalho de vocês com mais detalhes, mas a seriedade com a qual fui abordado e inquirido me dá a certeza de que jovens empreendedores e com ideais fortemente embasados e imbuídos do objetivo de difundir a cultura como vocês podem dar um ganho de qualidade ao panorama cultural do país, o que os órgãos estatais não conseguem fazer. Parabéns e mais uma vez obrigado!


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 05/10/2012 - Objetivo: www.ligadosfm.com